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Poemas de Ruy Belo

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Os três próximos poemas foram seleccionados pelos alunos do 9ºA e recitados no encontro do dia 24 de Março, com a esposa do poeta rio-maiorense Ruy Belo.


Requiem por um cão

Cão que matinalmente farejavas a calçada
as ervas os calhaus os seixos e os paralelipípedos
os restos de comida os restos de manhã
a chuva antes caída e convertida numa como que auréola da terra
cão que isso farejavas cão que nada disso já farejas
Foi um segundo súbito e ficaste ensanduichado
esborrachado comprimido e reduzido
debaixo do rodado imperturbável do pesado camião
Que tinhas que não tens diz-mo ou ladra-mo
ou utiliza então qualquer moderno meio de comunicação
diz-me lá cão que faísca fugiu do teu olhar
que falta nesse corpo afinal o mesmo corpo
só que embalado ou liofilizado?
Eras vivo e morreste nada mais teus donos
se é que os tinhas sempre que de ti falavam
falavam no presente falam no passado agora
Mudou alguma coisa de um momento para o outro
coisa sem importância de maior para quem passa
indiferente até ao halo da manhã de pensamento posto
em coisas práticas em coisas próximas
Cão que morreste tão caninamente
cão que morreste e me fazes pensar parar até
que o polícia me diz que siga em frente
Que se passou então? um simples cão que era e já não

Ruy Belo

E tudo era possível
.
Na minha juventude antes de ter saído
da casa dos meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido

.
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
.
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quanto foi isso? Eu próprio não o sei dizer
.
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer

.
Ruy Belo

Os pássaros nascem nas pontas das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros

Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores

Os pássaros começam onde as árvores acabam

Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se

Deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal

Como pássaros poisam as folhas na terra

Quando o Outono desce veladamente sobre os campos

Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores

Mas deixo essa forma de dizer ao romancista

É complicada e não se da bem na poesia

Não foi ainda isolada da filosofia

Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros

Quem é que lá os pendura nos ramos?

De quem é a mão a inúmera mão?

Eu passo e muda-se-me o coração

Ruy Belo

Encontro na BE

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No passado dia 24 de Março de 2010 recebemos na Biblioteca da Escola Básica Integrada Fernando Casimiro Pereira da Silva, em Rio Maior, pelas 10:10h a esposa do falecido Poeta, Ruy Belo, e alguns dos seus amigos de contacto próximo. Nesta sessão alguns alunos do 9ºA apresentaram um PowerPoint e recitaram alguns poemas do Poeta, tais como “Os pássaros nascem na ponta das árvores”, ”Requiem por um cão” e “A minha juventude”.

A esta sessão vieram assistir algumas turmas do 9º ano da nossa escola. No final da sessão fizemos algumas perguntas a Maria Teresa Bello, esposa do poeta, tais como “qual o seu poema favorito?”,”se alguma vez sentiu falta de inspiração por parte de Ruy Belo?”, “ em que é que Ruy Belo se inspirava?”… às quais ela respondeu com agrado e juntamente com uma amiga do poeta recitaram alguns poemas de seu agrado para a nossa turma e todos os presentes.

Resumo Biográfico

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O poeta e ensaísta Ruy de Moura Belo nasceu em São João da Ribeira, no Concelho de Rio Maior, a 27 de Fevereiro de 1933.

Em 1951, entrou para a Universidade de Coimbra como aluno do Curso de Direito, mas concluiu-o em Lisboa, em 1956. Neste mesmo ano, partiu para Roma, doutorando-se em Direito Canónico.
Regressado a Portugal, trabalhou no campo editorial e, em 1961, entrou na Faculdade de Letras de Lisboa, recebendo uma bolsa para investigação.
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director-adjunto no então Ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas. Posteriormente, ocupou o lugar de leitor de Português, na Universidade de Madrid (1971-1977). Ao regressar a Portugal, foi-lhe recusada a possibilidade de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, dando aulas na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno.

Viria a falecer em Queluz, a 8 de Agosto de 1978.

Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
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